11 outubro 2015

Contos de Terror - O Homem Sorridente

 Há mais ou menos 5 anos atrás, eu morava no centro de uma grande cidade dos EUA. Sempre fui uma pessoas de hábitos nocturnos, por isso, geralmente eu ficava aborrecida depois do meu companheiro de quarto, que decididamente não era uma pessoa da noite, ia dormir. Para passar o tempo eu costumava dar longas caminhadas.
Fazia isso á 4 anos, andava sozinha de noite e nunca tive motivos para ter medo. Costumava brincar com os meus colegas, que até mesmo os traficantes da cidade eram educados.
Uma noite e em apenas alguns momentos tudo mudou.
Era quarta-feira, pouco depois da 1 hora da manhã e eu estava a caminhar pelo parque, patrulhado, perto do meu apartamento, estava uma noite tranquila, demasiado tranquila visto ser um dia de semana, não se via ninguém e havia muito pouco tráfego, o parque, como na maioria das noites estava vazio. Virei para uma ruela que dava atalho para o meu apartamento e foi quando o notei, no fim da rua, do meu lado da estrada, via-se uma silhueta humana dançante, parecia que valsava mas cada parte terminava com um passo estranho.
Pensei que, provavelmente, o homem estava bêbado, então desci a rua para a estrada para lhe dar todo o passeio. Quanto mais perto ele ficava mais eu percebia o quanto ele era gracioso, alto e magro e trajava um terno castanho claro, um pouco velho, chegou a um momento em que eu pude ver-lhe o rosto, os seus olhos estavam bem abertos fixos no céu e sua boca ostentava um sorriso anormalmente largo e doloroso. Senti um arrepio e atravessei a rua antes que nos cruzássemos.
Parei por um momento de olhar para atravessar a rua vazia, quando cheguei ao outro lado parei e olhei para o homem, ele estava parado também, com um pé na estrada e perfeitamente paralelo a mim, ele encarava-me e o sorriso não diminuíra ou vacilara. Comecei a sentir-me nervosa e voltei a andar mas mantive os olhos no homem, ele não se moveu então virei para olhar para a calçada, estava vazia, ainda nervosa voltei a olhar para trás, ele não estava em lugar nenhum, senti-me aliviada mas só por um momento porque logo a seguir notei que ele estava no meu lado da rua, agachado. Ele havia se movido muito rápido, não tinha tirado os olhos dele nem por 15 segundos, embora a distância da sombra eu tinha a certeza que ele me encarava.
Encarei-o também por um momento, chocada, então ele começou a mover-se de novo na minha direcção, com passos exagerados, como a personagem de um anime a brincar, só que muito mais rápido.
Gostaria de dizer que nesse momento comecei a correr ou tirei o spray pimenta ou o telemóvel, mas estava congelada, fiquei ali, enquanto o homem sorridente rastejava na minha direcção.
E então ele parou à distância de um carro de mim.
Independentemente dos humanos conseguirem ou não sentir o cheiro do medo, eles podem ouvi-lo e a minha tentativa falha de lhe perguntar o que queria mostrou-lhe como me sentia. Ele só ficou ali de pé a sorrir sem reacção à minha voz.
Depois do que pareceu uma eternidade, ele virou-se lentamente e afastou-se a dançar, sem querer virar as costas para ele de novo fiquei a olha-lo, quando já estava quase fora de vista para meu horror a sua sombra começou a aumentar e rapidamente, ele corria para mim.
Comecei a correr também, quando alcancei uma rua mais iluminada e com mais tráfego, olhei por cima do ombro, ele havia desaparecido, corri o resto do caminho para casa à espera que da próxima vez que me virasse me deparace com o seu sorriso.
Vivi por mais 6 meses na cidades e nunca mais sai para caminhar de noite.
Algo naquele rosto assombrava-me, não pareia bêbado, nem drogado, parecia completamente insano.

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